O fruto permitido
(…) Tudo começou com a mulher. Ao colher e provar o fruto proibido, ela plantou o mal na terra mas, ao mesmo tempo, semeou um grande bem: a arte, a possibilidade de materializar visões internas, de experimentar um tempo fora do tempo. Com seu ato transgressor, a mulher criou o feminino, lugar misterioso onde se conciliam os contrários, principalmente o sagrado e o profano, o espiritual e o material.
O trabalho de Teresa Berlinck discute todas essas coisas. Uma árvore de copa cuidadosamente talhada e carregada de frutos-flores evoca o ato gerador da arte, no qual uma imagem mental se concretiza em um objeto palpável. Isso, no entanto, não se dá apenas metaforicamente, pois do objeto bidimensional da tela Teresa Berlinck captura imagens que se solidificam, invadindo o espaço do observador e intrigando-o com sua quase mágica tridimensionalidade. A força dos símbolos articuladas nas imagens propostas pela artista é, assim, intensificada pela materialidade e literalidade dos objetos. Não há paradoxo, mas feminilidade…
Magnólia Costa