A fachada da galeria Vermelho atua, neste projeto, como componente da paisagem urbana. O retângulo traçado pelo arquiteto relaciona-se com a vista do alto do Pacaembu, que o prédio da galeria oculta, como superfície horizontal configurando o modo paisagem.
A imagem projetada por mim para essa superfície surge relacionada à representação da paisagem brasileira, em que palmeiras imperiais enfileiradas em aléias ordenam a linha de acesso aos edifícios ou se destacam, verticais, como figuras solitárias, testemunhando silenciosamente a composição. Em nossa tradição da representação da paisagem, a palmeira parece simbolizar o lugar exótico e o clima tropical, servindo como identificador de personalidade, de origem e nacionalidade.
O trabalho para a fachada da Vermelho inscreve a imagem da palmeira no edifício, sobreposta por uma figura humana, em composição que se reporta à formação da paisagem brasileira.
A palmeira utilizada em “Palma Mater” foi extraída de uma fotografia datada de 1907, atribuída ao fotógrafo anônimo conhecido como Amador Alemão. A imagem foi transferida para a fachada da galeria e o reboco da parede foi removido no interior do desenho, resultando no aparecimento da silhueta da palmeira sobre a base de cimento. A imagem escavada foi então preenchida com gesso, fazendo surgir a figura agora branca da palmeira, em contraste com a parede previamente pintada de cinza.
Sobre a imagem da palmeira em gesso branco foi desenhada uma figura humana a partir do contorno, a lápis, do corpo de um modelo encostado na parede. Essa marca ficou junto à palmeira, com a região do quadril esquerdo sobre seu caule. No ponto dessa intersecção foi feita uma abertura mais profunda na parede e introduzido um osso do fêmur, modelado em porcelana branca.
Teresa Berlinck, março de 2006