A brevidade da existência inspira a instalação Ephemeroptera, expressa na ideia do círculo de insetos exaustos de sua curta aventura alada. Um trabalho de arte para dizer adeus e para refletir sobre a natureza implacável dos ciclos vitais.
Os efemerópteros (Ephemeroptera) são uma ordem de insetos aquáticos, popularmente conhecidos como efemérides. Sua origem remete ao Paleozoico. Os ovos eclodem em ninfas aquáticas que, quando adultas, emergem na superfície da água, desenvolvem asas e voam. Em menos de 24 horas, formam grandes enxames aéreos, acasalam, se reproduzem e morrem. O nome Ephemeroptera deriva do grego ephemeros, que significa “duração de um dia”.
A ideia do trabalho surgiu após uma visita a minha avó, já então no fim da vida. Caminhando para casa, no trânsito da cidade, me deparei com uma libélula morta aos pés de um enorme edifício espelhado. Naquele momento, vi o inseto furta-cor, contrastado com a arquitetura fria do vidro, como uma imagem da fragilidade da existência. Da experiência veio a ideia da instalação.
O projeto passou por várias versões desde a ideia original. Em 2018 procurei Célia Cymbalista, amiga ceramista, e pedi sua ajuda para executar o trabalho. A produção se transformou, então, em parceria. Com o objetivo de contaminar a obra com a energia de muita gente mais, convidamos diferentes grupos de pessoas para colaborar no processo de modelagem das peças.
A produção e a reflexão compartilhadas compensam o que pode faltar à prática individual, e o fazer comunitário marca o trabalho com a noção de coletividade. Na atividade ancestral de amassar e modelar o barro, o gesto singular e as digitais de cada participante ficam impressas em cada uma das milhares de peças/insetos que formam o círculo da obra.
Reunidas, as quase dez mil peças que compõem a instalação representam e refletem a energia vital, o movimento cíclico da lida cotidiana e os dois anos de trabalho dedicados à modelagem.
Ephemeroptera é resultado de uma experiência de cooperação em favor da ideia de representar os ciclos da vida, que pertencem a todos e a cada um de nós.
Teresa Berlinck, 2021
Objeto Ephemeroptera, 2021
A brevidade da existência inspira a instalação Ephemeroptera. A obra é composta por cerca de dez mil peças de cerâmica representando insetos de vida curtíssima. Exaustos de sua aventura alada, eles repousam no piso, em torno de uma lâmpada que ilumina suavemente a penumbra. As peças foram modeladas por dezenas de pessoas em oficinas coletivas realizadas pela artista em colaboração com a ceramista Célia Cymbalista.
Além da instalação, os efemerópteros compõem a Edição Aberta Objeto Ephemeroptera, conjuntos de sete esculturas de diferentes colorações e formatos dentro de uma caixa acrílica.
Asas de Verão, 2004-2021
A série de cinco trabalhos é um desdobramento da instalação, a partir do resgate de uma gravura em metal criada em 2004, agora modificada com bordado.